Santos Dumont e a criação do avião: a imaginação é mais pesada do que o ar!

Santos Dumont e a criação do avião: a imaginação é mais pesada do que o ar!

Neste texto, vamos apresentar mais curiosidades sobre a vida e os feitos de Santos Dumont, e mostrar como ele é considerado, oficialmente, o inventor do avião.

Mas antes, vamos falar de:

 

Marketing

 

Santos-Dumont, com grande maestria, dominava a arte do que hoje chamamos de marketing pessoal muito antes do termo ser amplamente conhecido e utilizado. Era sua prática habitual informar a imprensa e contratar fotógrafos antes de realizar suas proezas, garantindo que todos os momentos fossem devidamente documentados.

Todas as suas aparições públicas foram capturadas em fotografias, incluindo aquelas que resultaram em acidentes. Posteriormente, ele recebia os artigos que narravam os acontecimentos, evidenciando uma notável organização por parte deste renomado cientista.

 

O registro documental de suas invenções

 

1898

 

Revisitando a trajetória inventiva de Santos Dumont, Barros (2006) destaca que, em 1898, o aviador construiu seu próprio modelo de aeróstato. Ele nomeou sua criação de “Brasil”, um pequeno balão de hidrogênio que navegava com 113 m³ e era feito de um delicado tecido de seda com apenas 6 m de diâmetro. 

Como o próprio Dumont (2016) ressalta, o balão era extremamente manobrável e prático em voo, permitindo fácil direcionamento. Inicialmente, foi concebido para ser operado por uma única pessoa.

Ainda no mesmo ano (1898), Santos Dumont projetou um balão adicional, o “Amérique”, destinado a acomodar mais passageiros. Entretanto, encontrou-se com dificuldades técnicas e não teve êxito em seus voos. A inovação primordial foi o uso de um motor de combustão interna movido à gasolina. Foram necessárias mais duas tentativas até que o dirigível conseguisse voar sem incidentes.

 

1900

 

No ano de 1900, o Aeroclube’s Scientific Commission propôs o prêmio Deutsch para aquele que pudesse decolar de Saint Cloud, circunavegar a Torre Eiffel e retornar ao ponto inicial. Foi apenas na sexta tentativa, em 19 de outubro de 1901, a bordo do dirigível número 6, que Santos Dumont conseguiu cumprir com êxito a rota proposta.

Ao ser agraciado com o prêmio de cerca de 150 mil francos, Santos Dumont generosamente o dividiu entre seus mecânicos e trabalhadores desempregados de Paris. Este gesto altruísta apenas reforçou seu estatuto de celebridade, dada a generosidade em compartilhar sua recompensa com os necessitados.

 

Parâmetros internacionais da FAI

 

Em 14 de outubro de 1905, a Federação Aeronáutica Internacional (FAI) estabeleceu parâmetros internacionais para determinar quem seria o primeiro a realizar um voo bem-sucedido em um dirigível mais pesado que o ar. Os critérios, extraídos do texto de Henrique Lins de Barros (2006), são apresentados a seguir:

 

a) O voo deve ser conduzido sob a observação de uma entidade oficial, qualificada para autenticá-lo; 

b) O voo deve ocorrer em condições de tempo estáveis, sobre um terreno plano e devidamente autenticado; 

c) O avião deve levantar voo por seus próprios meios, de um local pré-definido, com um passageiro a bordo; 

d) O veículo deve portar a bordo todas as fontes de energia necessárias; 

e) O veículo deve manter um voo em linha reta; 

f) O veículo deve realizar uma mudança de direção (manobra e giro); 

g) O veículo deve retornar ao local de partida.

 

Para facilitar o processo, a FAI levou em conta os critérios de a) a e) e acrescentou que a aeronave deveria percorrer mais de 100 metros para que o voo fosse oficialmente reconhecido como o primeiro da história. Ao analisarem todos os voos anteriores, eles constataram que nenhum deles cumpria esses requisitos.

Por exemplo, os aviões dos irmãos Wright, em 1903, precisavam do auxílio do vento e de catapultas para decolar, o que contradiz os critérios de a) a d). Já em 1906, Santos Dumont apresentou projetos de dois veículos mais pesados que o ar: o helicóptero e o aeroplano.

 

1906 – O 14 Bis

 

Em julho de 1906, Dumont já tinha o 14 Bis estruturado e quase pronto para testes. O primeiro voo oficialmente reconhecido ocorreu em 12 de novembro desse ano, conduzido pela aeronave de Santos Dumont.

 

Fonte: Wikimmedia Commons, Gallica, Online Archive, Le Petit Journal 25 Nov 1906

 

Após o desenvolvimento do 14 Bis, Dumont construiu mais cinco aviões para aprimorar a eficiência e praticidade das novas aeronaves. O modelo 19, apelidado de Demoiselle, foi testado pela primeira vez em 1907. Ele continuou aperfeiçoando o projeto e, em 1909, lançou sua segunda versão, a Demoiselle 20, que se tornou o primeiro ultraleve da história.

 

“Inventar é imaginar o que ninguém pensou; é acreditar no que ninguém jurou; é arriscar o que ninguém ousou; é realizar o que ninguém tentou. Inventar é transcender” (Fonte: Citações e Frases Famosas)

 

Referência da imagem de capa

 

Fonte: Wikimmedia Commons, Domínio Público. Título da imagem: Cartão postal do 14 Bis

 

Referências

 

BARROS, Henrique Lins de. Santos Dumont e a Invenção do Avião. Rio de Janeiro: CBPF, 2006.

FERREIRA, Claudio Luiz. Primeiro voo há 115 anos: Santos Dumont aliou invenções à ciência. Agência Brasil, 23 out. 2021. Disponível em: link. Acesso em: 24 jul. 2023.

SANTOS-Dumont, Alberto. Os meus balões (“dans l’ air”). Tradução do original francês por A. de Miranda Santos. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2016. 348 p.: il. – (Edições do Senado Federal); v. 198). Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/530469. Acesso em: 24 jul. 2023.