A ascensão dos relacionamentos virtuais: o surgimento de namoros digitais

Com o boom das inteligências artificiais generativas e sua alta capacidade de conversação envolvente, algumas empresas começaram a construir namoradas e namorados digitais

 

Redator: Heitor Augusto Colli Trebien

 

A inteligência artificial generativa, além de ser conhecida por seu caráter técnico, vem sendo usada também para proporcionar experiências mais afetivas e íntimas. 

Atualmente, ela não é mais um tutor ou um auxiliar que te ajuda com textos acadêmicos. A IA generativa também está sendo desenvolvida com o propósito de ser uma companheira(o) virtual, especificamente, uma namorada(o) virtual. 

Diogo Cortiz, professor da PUC-SP, fez algumas pesquisas relacionadas ao relacionamento virtual (1, 2), e observou que muitas pessoas têm mostrado interesse em ter um namoro virtual.

Ele buscou aplicativos que ofereciam esse serviço e encontrou vários. Ao testar as ferramentas, descobriu que elas tinham algo em comum: “elas nunca dizem não”. Ou seja, os avatares de namoro são programados para satisfazer as necessidades e desejos do usuário, independente do pedido.

 

Alguns perigos dessa prática

 

Como o diálogo com uma IA generativa pode ser muito cativante e realista, Cortiz (2023) comenta que as pessoas projetam intimidades e afetos com a máquina. Esse processo ficou conhecido como “efeito Eliza”, em referência ao primeiro chatbot criado.

 

Fonte: Uol – Já é possível namorar uma Inteligência Artificial pelo Celular | Diogo Cortiz. Publicado no YouTube em 3 ago. 2023.

 

Para evitar um excesso de projeções afetivas, muitas empresas como a OpenAI têm o cuidado de evitar discursos excessivamente afetivos. Quando uma situação mais íntima ocorre, o bot explica, de maneira geral, que é um robô e que não possui a capacidade de sentir.

Claro, os robôs são muito educados e cordiais, mas evitam discursos que façam a pessoa buscar consolo emocional com um robô, por exemplo. A ferramenta é programada para evitar que o usuário confunda uma relação humana com a de um robô.

Um dos pontos que o professor Diogo (2023) questionou é que muitos desses aplicativos não parecem ter a preocupação em diferenciar a relação humano-máquina. Isso pode acarretar em problemas emocionais dependendo da vulnerabilidade da pessoa. 

Comportamentos inadequados podem ser transferidos para outras pessoas na vida real, o que pode causar danos emocionais nos relacionamentos reais. Principalmente no que se refere às atitudes dos homens para com as mulheres, considerando que estão sendo produzidos robôs digitais com imagem feminina para o público masculino, em sua grande maioria. 

Esse tipo de padrão indica a automação de preconceitos, em especial do machismo, no qual a imagem da mulher é colocada para satisfazer os desejos do homem, sem a possibilidade de dizer não. 

Outro aspecto importante é a perda e a exploração de dados individuais. Atualmente, observamos que é muito fácil sofrer ataques virtuais, o que pode deixar a pessoa vulnerável no mundo digital. 

Além disso, muitas empresas também podem se aproveitar para explorar os dados e a vida das pessoas, um cuidado ético que devemos assegurar quando utilizamos ferramentas de IA generativa.

 

Diferença entre companheiros e namoros

 

Existem também os companheiros de IA que são programados para conseguir expressar sentimentos e emoções, traços de personalidade e diálogos personalizados que simulam uma conversa humanizada e natural.

 

Existem também os companheiros de IA que são programados para conseguir expressar sentimentos e emoções, traços de personalidade e diálogos personalizados que simulam uma conversa humanizada e natural.
Fonte: imagem produzida com prompts do redator pela plataforma chatGPT integrada ao Dall-e.

 

Em alguns casos, os amigos virtuais podem ser benéficos, por oferecer uma possibilidade de conversa engajante e divertida. Outra opção ainda é integrar a inteligência humana ao robô para criar experiências únicas tanto para quem controla o robô como para quem conversa com a pessoa por trás da máquina. 

No Japão, mais especificamente em Tóquio, a cafeteria Dawn (Diverse Avatar Working Network) criou robôs que podem ser controlados por pessoas que têm deficiências físicas graves. Assim, elas podem controlá-los de casa ou do hospital. 

Detalhe importante: são os robôs que atendem os clientes no café. Ou seja, a tecnologia robótica proporcionou emprego e interação para pessoas que estavam extremamente isoladas por causa da deficiência física. 

O nome do modelo da avatar atendente é Orihime, e para conhecer um pouco mais do projeto, veja o vídeo: 

 

Fonte: CNBC International TV, publicado no YouTube em 13 dez. 2021.

 

Também no japão, foram criados os Lovots (Love + bot), pets robóticos que podem ficar em casa osu serem usados em lojas, por exemplo, para entreter os clientes. Conheça os Lovots no vídeo a seguir:

 

Fonte: Booster Technology, publicado no Youtube em 22 dez. de 2018. 

 

A ética no uso dos bots 

 

Como podemos notar, existem diversos modos de usar os robôs e a IA generativa. Com a ascensão dessa tecnologia, devemos nos preocupar sempre com as boas práticas e a ética, pois a tecnologia afeta a vida das pessoas diretamente. 

Na Velip, estamos sempre preocupados com a segurança e o uso benéfico da tecnologia para a sociedade. Se tiver alguma dúvida e precisar de auxílio para conhecer nosso trabalho, entre em contato

Você também pode compreender um pouco mais sobre como funciona a IA generativa conversando com a Vel pelo número: (11) 3557-4600. E lembre-se, você sempre pode pedir para transferir a conversa para um humano especializado no assunto. 

A tecnologia nunca deixou de ser humana, ela vem do ser humano e é produzida para o ser humano. Sendo assim, sempre devemos nos preocupar sobre como a relação homem-máquina ajuda a melhorar nossas condições de vida. 

 

Velip, ecoando sua voz por novos caminhos

 

Referência da imagem da capa

 

Fonte: imagem produzida com prompts do redator pela plataforma chatGPT integrada ao Dall-e. 

 

Referências

 

  1. CORTIZ, Diogo. Nunca dizem ‘não’: namoradas criadas com IA viram febre, mas são um perigo. Tilt Uol, 3 de ago. 2023. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/analises/ultimas-noticias/2023/08/03/nunca-dizem-nao-namoradas-criadas-com-ia-viram-febre-mas-sao-um-perigo.htm. Acesso em: 01 mar. 2024.  

 

  1. CORTIZ, Diogo. Quer um date com IA? Mais que coração partido, risco é ter a vida espionada. Tilt Uol, 22 fev. 2024. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/diogo-cortiz/2024/02/22/quer-um-date-com-ia-mais-que-coracao-partido-risco-e-ter-a-vida-espionada.htm. Acesso em: 01 mar. 2024.