Inteligência artificial para análise do aprendizado infantil

Professora de educação infantil educa robô

Fonte: imagem produzida pelo Dalle-e com prompts do redator.

 

A inteligência artificial pode contribuir para a sistematização do conhecimento do professor sobre o desempenho dos estudantes

 

Redator: Heitor Augusto Colli Trebien

 

Após o lançamento do chatGPT no final de 2022, muitas discussões estão sendo feitas sobre como a inteligência artificial generativa pode contribuir em diversos campos. Já discutimos como o recurso pode ajudar a área da saúde (1, 2, 3 e 4), e neste artigo investigamos algumas possibilidades na educação.   

Kazi (2023) menciona a possibilidade de utilizar a inteligência artificial generativa (IAG) em análise de aprendizado para professores da educação infantil. Como a autora destaca, a observação é uma habilidade essencial para o educador, sendo por meio dela que o docente capta o diferencial de cada criança e assim pode adaptar suas aulas para potencializar a aprendizagem de cada um.

Com a inteligência artificial, o pedagogo pode ter uma observação fundamentada em dados, sendo mais fácil sistematizar o conhecimento para tornar a intervenção ainda mais científica e pautada na necessidade dos alunos por meio da identificação de tendências e padrões de aprendizagem.

Uma área de destaque das IAs é o learning analytics (análise de aprendizagem), na qual a máquina registra o desempenho dos alunos por meio da atividade e oferece insights valiosos sobre suas principais facilidades e dificuldades. 

 

Exemplo prático

 

A autora exemplifica o uso de análise de aprendizagem (learning analytics) com um garoto de 3 anos chamado Ravi. O primeiro passo é identificar os pontos fortes e fracos do aluno, por meio da análise da performance e do engajamento nas tarefas e da interação social do menino por meio de critérios estabelecidos pela equipe pedagógica.

O segundo passo é monitorar o progresso ao longo do tempo, isto é, o educador deve inserir dados continuamente, assim a máquina poderá analisar o progresso ao longo de semanas, meses e até anos. Com isso, será mais fácil identificar o crescimento do menino. 

O terceiro passo é personalizar as instruções e a experiência de aprendizado. Por exemplo, se o pedagogo notar que a principal dificuldade é na comunicação verbal, ele(a) pode criar um espaço para estimular a comunicação em pequenos grupos, para que Ravi exercite a fala. 

 

Propósito

 

O principal objetivo de implementar um recurso de inteligência artificial como esse é aprofundar o conhecimento do professor sobre jornada individual de aprendizagem de cada estudante. O educador poderá oferecer um suporte mais personalizado e otimizar as instruções para tirar o máximo proveito da tarefa e desenvolver melhor as habilidades dos alunos.

 

Desafios  

 

A inteligência artificial pode ser muito útil para os docentes, no entanto, a equipe pedagógica deve estar preparada para lidar com os desafios no uso da ferramenta. 

Kazi (2023) menciona que um dos problemas que pode surgir é a confiança excessiva nos dados. Existe a possibilidade de alguns professores ficarem dependentes dos resultados elaborados pela máquina. 

Devemos sempre lembrar que professores qualificados possuem uma habilidade sem igual de captar as nuances de seu trabalho. Sendo assim, é importante que o docente saiba usar os dados em seu proveito, confiando em seu julgamento profissional sobre as situações que surgem durante a profissão. 

Outro ponto importante é a preocupação com a privacidade e segurança de dados. Como estamos falando de informações infantis, os dados devem ser muito bem protegidos para que não ocorram vazamentos. Também deve ser bem definido quem tem acesso, para não expor as dificuldades da criança. 

Um obstáculo que devemos evitar é a interpretação incorreta de dados. Os pedagogos e a administração podem interpretar de maneira equivocada a análise da máquina, o que pode gerar intervenções ou decisões inadequadas ao contexto da criança. 

Existe também a possibilidade da máquina produzir análises erradas, e o profissional deve ser capaz de identificá-las e apontá-las, sem receio de ser julgado. A ferramenta oferece possibilidades, e não uma decisão arbitrária. É importante que a equipe esteja preparada para discutir com apoio de dados auxiliados por IA. A discussão de cada caso é essencial para uma aprendizagem bem sucedida. 

 

Recomendações para o bom uso da IA no ambiente educacional

 

Kazi (2023) lista algumas atividades que podem ajudar os professores a implementar de maneira correta a IA generativa no dia a dia: 

 

  • Explore as ferramentas de inteligência artificial e analise como elas podem ajudar em áreas específicas;
  • Crie um espaço para diálogos interativos com os colegas. Por meio de reuniões semanais, por exemplo, pode-se discutir os benefícios, dificuldades e considerações éticas na utilização de análise de aprendizagem por IA;
  • Elabore uma política interna clara e detalhada para abordar questões de privacidade de dados, uso responsável de ferramentas de IA, e uma abordagem que integre as recomendações da IA com a expertise dos professores;
  • Incentive os educadores a fazerem cursos de capacitação voltados para a análise de aprendizagem por IA destinado à educação. 
  • Avalie regularmente a eficácia da ferramenta de IA utilizada. Colete feedbacks dos educadores, pais e alunos para melhorar a eficiência da máquina. 

 

Vamos utilizar a inteligência artificial com equilíbrio, considerando a expertise profissional e a ética para construirmos ferramentas de qualidade, com a finalidade de aprimorar a aprendizagem no desenvolvimento infantil.  

 

Velip, ecoando sua voz por novos caminhos.

 

Referência

KAZI, Samia. AI-Powered Learning Analytics Are Shaping Early Childhood Education and Instruction. Childhood Education International, 7 set. 2024.  Disponível neste link. Acesso em 27 jun. 2024.