A China desenvolveu, em 2021, a inteligência artificial generativa mais poderosa da época, superando em 10x os dados de treinamento do chatGPT
Redator: Heitor Augusto Colli Trebien
A inteligência artificial (IA), hoje, sofreu uma mudança de paradigma. Antes, afirmávamos que uma máquina nunca passaria no teste de Turing, um teste dedicado a verificar se um usuário, ao conversar com uma máquina, a confundiria com uma pessoa.
Com o lançamento do ChatGPT e das IAs generativas, essa realidade começou a mudar. Cada vez mais cientistas estão trabalhando na fluência natural da língua no processo de comunicação da máquina. Eles também estão investindo esforços no potencial cognitivo e de aprendizagem, para que a máquina possa se autorregular e demonstrar potencial similar ao humano.
Mas o chatGPT não foi o único recurso lançado que apresentava todo esse potencial. A Google lançou um modelo de linguagem chamado Switch Transformer AI, com capacidade de processar trilhões de dados. A ferramenta foi treinada com 1,6 trilhões de parâmetros, mas pasmem, não foi a máquina com o maior conjunto de informação.
Wu Dao – a tecnologia com a maior quantidade de parâmetros
A tecnologia que levou a melhor nesse quesito foi a chinesa Wu Dao 2.0, com incríveis 1,75 trilhões de parâmetros, incluindo imagens, o que na época (2021) o GPT-3 não fazia.
Atualmente, tanto o GPT, o Switch Transformer e o Wu Dao ampliaram ainda mais seu poder de processamento e, dentre essas tecnologias, vale destacar como o modelo de linguagem chinês foi significativo para o avanço das IAs generativas.
O Wu Dao foi desenvolvido pela Academia Beijing de Inteligência Artificial (Beijing Academy of Artificial Intelligence), conhecida como BAAI. Ela foi a responsável por criar a IA mais robusta daquele momento, e com esse LLA (Large Language Model) e com uma parceria com as empresas Zhipu.AI, Xiaoice e a Universidade Tsinghua, ajudaram a criar uma estudante virtual – Hua Zhibing.
A educação presencial de um humano digital
A estudante atualmente estuda ciência da computação na universidade onde foi co-criada, e o objetivo é que ela aprenda cada vez mais e possa ser até contratada quando se formar. A proposta é que ela consiga expressar a capacidade de raciocínio e de interações afetivas, algo que só poderemos ver com o tempo.
Segundo Cheng Yu (2023), o modelo Wu Dao 2.0 é aberto ao público, diferente do que a OpenAI fez com o chatGPT. Desse modo, mais pesquisadores podem investigar o processo de criação e desenvolvimento da IA generativa.
O problema, como Cortiz (2023) comenta, é que nós não conseguimos usar as ferramentas, pois não temos acesso a elas. Ou seja, os usuários não podem testá-las, sendo difícil ver até onde essa IA pode ir. Entretanto, mesmo com esse porém, a China segue como líder em revolução tecnológica em IA.
Por ser em código aberto, com o tempo, cada vez mais pesquisas científicas chinesas serão desenvolvidas acerca da IA generativa. Talvez seja o momento de pensarmos na importância do código aberto, para possibilitar mais estudos sobre o assunto para futuras replicações e melhoramentos dos recursos já disponíveis.
Velip, ecoando sua voz por novos caminhos.
Referência da imagem da capa
Fonte: imagem gerada pelo chatGPT e Dall-e, com prompts do redator.
Referências
YU, Cheng. First virtual student ‘enrols’ at Tsinghua University. Asia News Network ANN, 7 fev. 2023. Disponível em: https://asianews.network/first-virtual-student-enrols-at-tsinghua-university/. Acesso em: 28 dez. 2023.
GPT-3 Demo. Disponível em: https://gpt3demo.com/apps/wu-dao-20. Acesso em: 27 dez. 2023.
CORTIZ, Diogo. A disputa global pela inteligência artificial. Blog pessoal, Disponível em: https://diogocortiz.com.br/a-disputa-global-pela-inteligencia-artificial/. Acesso em: 27 dez. 2023.
GLOBAL Times. Beijing AI academy unveils world’s largest pre-trained deep learning model. Jornal virtual, 2 jun. 2021. Disponível em: https://www.globaltimes.cn/page/202106/1225392.shtml. Acesso em: 28 dez. 2023.
GLOBAL Times. China’s first virtual student developed by Tsinghua U meets fans on Weibo. Jornal virtual, 4 jun. 2021. Disponível em: https://www.globaltimes.cn/page/202106/1225172.shtml. Acesso em: 28 dez. 2023.