O rosto de Bruce Willis foi usado em uma publicidade russa, o que gerou questionamentos sobre o uso legal da inteligência artificial no processo de deepfakes (sobreposição de imagens)
Redator: Heitor Augusto Colli Trebien
Bruce Willis foi diagnosticado em março de 2021 com afasia, uma condição clínica que dificulta a expressão da fala e sua compreensão e também da escrita e seu entendimento. Depois de passar por um tratamento, o ator decidiu se aposentar.
Em setembro de 2021, a empresa Deepcake publicou uma propaganda com o rosto de Willis, que pode ser visto logo abaixo e disponível no Twitter da Reuters.
Russian firm Deepcake used an authorized deepfake of the Bruce Willis in the commercial for telecoms company Megafon. The company uses an artificial neural network to impose Willis' image onto the face of a Russian actor pic.twitter.com/7bizoLsk2S
— Reuters (@Reuters) September 22, 2021
A publicidade começou a gerar muitos boatos de que o ator havia vendido seus direitos de imagem à empresa, sendo uma forma de seu rosto voltar a ativa mesmo após a aposentadoria.
Muitos noticiários trouxeram essa informação, como El País, The Telegraph, Mail Online, entre outras revistas e jornais online, o que pode ter causado uma confusão sobre o que aconteceu.
Em outubro de 2022, a BBC News entrou em contato com os agentes de Bruce e com a Deepcake para saber o que aconteceu, e os agentes afirmaram que aquele foi um projeto isolado, isto é, o ator não vendeu sua imagem definitivamente, apenas colaborou naquele trabalho específico.
Em conversa com um representante da Deepcake, a BBC apurou que os direitos de imagem de Willis são apenas dele. Além disso, também descobriu que a empresa de tecnologia trabalhou em conjunto com Willis para produzir o anúncio. O ator deu seu consentimento e providenciou as imagens entre outros materiais (como vídeos) para que conseguissem elaborar um gêmeo digital que retomasse a época de Die Hard (Duro de matar) e The Fifth Element (O quinto elemento).
A companhia ainda afirmou que tem um acervo único com o material de diversas celebridades e figuras históricas para desenvolver seu trabalho.
Percebe-se que a tecnologia de sobreposição de imagens (deepfake) é muito recente, principalmente no quesito jurídico, o que pode causar muita incerteza sobre como regulamentar a prática e o que dizer sobre ela.
No entanto, é importante diferenciar o que é fake news e o que é um equívoco. Enquanto as fake news procuram manipular o leitor/espectador, o equívoco indica um deslize, um mal-entendido na comunicação que não tem o propósito de enganar.
Na atualidade, devemos estar atentos sobre como as deepfakes estão sendo usadas, para tentar compreender quais são suas potencialidades e seus limites, visto que hoje ela se tornou uma tendência.
Referências
FORNÉS, Nora G. Bruce Willis vende los derechos de su imagen para ser utilizada en futuros proyectos mediante inteligencia artificial. El País, 30 set. 2022. Disponível em: https://elpais.com/cultura/2022-09-30/bruce-willis-vende-los-derechos-de-su-imagen-para-ser-utilizada-en-futuros-proyectos-mediante-inteligencia-artificial.html. Acesso em: 6 out. 2022.
DERICO, Ben; CLAYTON, James. Bruce Willis denies selling rights to his face. BBC News, 4 out. 2022. Disponível em: https://www.bbc.com/news/technology-63106024. Acesso em: 6 de out. 2022. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]