A evolução da comunicação escrita: a mensageria nas pontas dos dedos

Jovem compartilha mensagens de texto

Fonte: imagem produzida pelo Microsoft Designer com prompts do redator.

 

Redator: Heitor Augusto Colli Trebien

 

Hall (2018) destaca como a escrita é importante e altamente difundida hoje. Esse compartilhamento em massa se deve ao modo rápido em que nós podemos escrever, graças à tecnologias como computadores e celulares. Com um clique em um botão, conseguimos escrever um grande volume de textos, principalmente quando comparado ao passado. 

Antes, não existia um mecanismo para reproduzir a velocidade da fala na escrita. Precisávamos usar o punho, o corpo e nossa psicomotricidade para produzir grafias complexas. Mas, com os aplicativos de hoje, como o WhatsApp, não só podemos escrever muito rápido como a mensagem é enviada e chega ao destino de maneira instantânea. 

 

A ampla utilização de telefones celulares

 

Hall aponta que, até 2018, uma média de 4 bilhões de pessoas usavam celulares pelo mundo, número que pode ter aumentado nos últimos anos. Isso significa que mais de 4 bilhões de pessoas no mundo têm acesso aos serviços de mensageria instantânea, em diferentes canais, como WhatsApp, Instagram, Messenger, entre outros. 

 

A popularidade das mensagens de texto

 

Algo surpreendente aconteceu após a adoção massiva dessas novas tecnologias comunicacionais, pois agora muitas pessoas preferem escrever mensagens de texto ao invés de falar ou ligar. 

Hall indica que a popularidade das mensagens de texto se deve, parcialmente, pela possibilidade de a mídia oferecer um canal de comunicação no qual você não precisa estar 100% atento na interação.

A vantagem agora é que o receptor pode ver a mensagem e responder quando for melhor. Em questões de privacidade isso é muito benéfico. Para muitos trabalhadores também é uma vantagem, pois você pode terminar o trabalho e responder em momento oportuno. 

Para o emissário também tem vantagens, pois a mensagem está dada, ele só precisa esperar o melhor momento para o receptor responder o texto. Assim, aquele que envia também pode aproveitar o tempo para realizar suas atividades e estar seguro que que sua mensagem foi compartilhada.

 

As novidades do processo de digitação

 

As mensagens de texto parecem ser uma conexão humana direta, e podem ser cativantes pelas experiências que o processo de digitar proporciona. Podemos criar novas formas de linguagem quando digitamos, o que renova a experiência de se comunicar. 

Para Hall, a digitação é uma prática diferente da escrita, na qual esta última é um termo que hoje carrega uma conotação mais formal e ponderada. A autora menciona o linguista John McWhorter ao retomar uma das conceituações dele sobre o que é digitar – é uma forma de conversar com os dedos. 

Como Hall comenta, é uma terminologia estranha, no entanto é precisa: a ação de conversar, no caso da digitação, envolve usar os dedos para clicar nas palavras e compartilhá-las em textos de significados completos.  

As mensagens de texto são, provavelmente, a interação humano-computador mais atraente, pois esquecemos que usamos um computador ou celular para nos comunicar. Só lembramos da ferramenta quando ela falha, se não, ela se torna uma espécie de extensão do nosso corpo e vontade. 

 

Comunicação sempre disponível

 

Hall (2018) menciona que as plataformas de comunicação por texto oferecem a possibilidade de estarmos sempre conectados com alguém. Segundo a autora, as mensagens de texto podem liberar dopamina no cérebro, pela expectativa positiva de receber algo em troca. E a linguagem é uma parte essencial nesse processo de engajamento e atratividade. Vejamos o exemplo abaixo:

 

O caso acima foi uma brincadeira elaborada ao considerar a possibilidade do que um cachorro poderia conversar com seu tutor caso pudesse digitar.
Fonte: traduzido e adaptado de Hall (2018). Criado pelo redator no Canva.

 

Nesse exemplo, observamos a presença de narrativa e de humor, e em outras mensagens, podemos receber amor, paixão, entre outras emoções e sentimentos. E cada uma delas tem uma personalidade própria. 

O caso acima foi uma brincadeira elaborada ao considerar a possibilidade do que um cachorro poderia conversar com seu tutor caso pudesse digitar. 

Nota-se que não é necessária a pontuação formal, apenas os escritos em caixa alta mostram o sentimento e a revolta cômica, principalmente por parte do cachorro. 

A criação de um sistema conversacional que reproduza esse tipo de narrativa e emoção é uma jornada complexa. A inteligência artificial generativa e os agentes de IA são uma das principais ferramentas que estão sendo desenvolvidas para atingir essa fluidez na comunicação. 

No futuro, a proposta é que as IAs possam trazer e agregar esse valor em conversas diárias, como nossos assistentes pessoais. Comunicação e tecnologia irão cada vez mais se unir para compartilhar informações e mensagens em níveis mais complexos e profundos, para nos ajudar a mostrar quem realmente somos.

 

Referência

 

HALL, Erika. Conversational Design. New York: A Book Apart, 2018.