A ascensão dos humanos digitais: como devemos chamá-los?

A ascensão dos humanos digitais: como devemos chamá-los?

Os humanos digitais, a nova tendência do mercado, tem mais de um nome, como avatares digitais e personagens digitais. Mas além da palavra “digital”, “virtual” também é muito utilizado. Qual nome é mais adequado para o seu projeto? 

 

Redator: Heitor Augusto Colli Trebien

 

Com o boom das novas tecnologias, diversos nomes surgiram para nos referirmos a cada uma das inovações. Algumas, inclusive, receberam mais de um nome e muitas vezes não sabemos se são todos a mesma coisa.

Isso aconteceu com os humanos digitais. Na internet, encontramos diversas nomenclaturas, como avatares digitais/virtuais, personagens digitais/virtuais e o próprio nome humano digital/virtual. 

Primeiro, vamos pensar sobre os adjetivos virtual e digital, que são, provavelmente, as palavras de destaque da última década. Será que existe alguma diferença entre elas ou são realmente sinônimos? 

 

Virtual x Digital

 

Vamos começar com uma definição breve de virtual. Com base no dicionário Michaelis (2023), alguns de seus significados são: 

 

  1. Existente como possibilidade. 
  2. Com potencialidade de existir. 
  3. Destinado a se concretizar. 
  4. No contexto da informática: refere-se a uma construção gerada por softwares.

 

O adjetivo virtual, como podemos ver, é muito amplo e apresenta a possibilidade de vir a ser, isto é, de algo em potencial se concretizar, como uma ideia tomar forma. Envolveria pensarmos sobre como podemos tornar algo imaginário em concreto. 

O adjetivo digital, por sua vez, parece ser mais específico, como demonstrado pelo dicionário Michaelis (2023):

 

  1. Em matemática: Referente a dígito – número representado por um único algarismo. 
  2. No campo da informática: Refere-se a um dispositivo que trabalha apenas com valores binários. 
  3. Ainda em informática: Relativo a magnitudes que adotam exclusivamente valores inteiros. 
  4. Em eletrônica: Utiliza-se de uma série de dígitos, ao invés de ponteiros ou marcas em uma escala, para exibir dados numéricos.

 

Como substantivo feminino, ainda existem outros sentidos, como:

 

  1. Em informática: Máquina, geralmente computador, que trabalha com valores numéricos ou informações representadas por algarismos. 
  2. Ainda em informática: Computador que processa informações através de representações discretas. 

 

Para quem não conhece, as representações discretas, na matemática, dizem respeito a dados que têm valores específicos e claramente definidos. Por exemplo, em um conjunto de dados, os números 1, 2, 3 e 4 são valores discretos. Os computadores, em sua essência, trabalham com representações discretas, pois processam informações em bits e bytes, que são unidades inteiras de informação.

Podemos observar que “digital” envolve a especificidade do número em si, isto é, faz referência ao padrão algorítmico utilizado, enquanto que “virtual” indica a possibilidade de vir-a-ser algo. Na prática, os dois estão conectados, pois o humano virtual é construído e concretizado a partir de dígitos, dados concretos que possibilitam seu movimento e interação.

 

Fonte: Ilustração 236330347 | Algoritmos © VectorMine | Dreamstime.com

 

E os outros conceitos?

 

Avatar

 

O dicionário Michaelis (2023) explica que a palavra “avatar” tem origem na religião. No hinduísmo, indicava a encarnação de uma divindade em forma humana ou animal. Um dos principais exemplos é a divindade Vishnu, que possui pelo menos 10 reencarnações, ou avatares. Os dois mais famosos são Rama (personificação ligada à verdade e à virtude) e Krishna (representante da devoção).

Atualmente, o substantivo indica o processo de transformação de uma pessoa, seja na aparência, forma ou mesmo caráter. Fazendo uma analogia ao mundo virtual tecnológico, é a transformação da imagem da pessoa (virtualidade) em dígitos gráficos.  

 

Personagem

 

O substantivo feminino “personagem”, segundo Pavis (2008), tem raízes na palavra persona, originada no teatro grego. Estava ligada à máscara, isto é, ao papel exercido pelo ator durante sua atuação. Por extensão, passou a representar qualquer ser ou entidade fictícia (humano, animal, vegetal, objeto…) criado por um autor de ficção.   

O personagem digital, por analogia, é uma criação fictícia para representar determinada marca e interagir com clientes por meio do storytelling. Storytelling significa contação de histórias e representa, por analogia, o modo como o avatar/humano digital irá se comportar e contar a sua história. 

 

Humano

 

A definição mais objetiva é a do substantivo humano, que representa tudo aquilo referente à natureza do homem enquanto espécie. Por ser um conceito muito amplo, pode abarcar as outras ideias citadas anteriormente.

O dígito numérico, assim como a virtualidade, são criações humanas, fazem parte da nossa natureza. A tecnologia, por sua vez, também é integrada à humanidade justamente por ser um produto de nossos esforços ao longo dos anos. 

Sendo assim, dependendo do projeto, um nome pode ser destacado em relação ao outro, mas parece que todos os termos podem ser utilizados para se referir à inovação de criar pessoas digitalmente.  

 

Fonte: Foto 278116823 | Avatar © AICANDY | Dreamstime.com

 

Como a Velip trabalha com esses conceitos?

 

A Velip considera todos os conceitos para se referir a essa inovação. Na nossa marca Velip Engage destacamos a palavra “humanos digitais interativos”. O aspecto humano envolve tanto o papel de personagem (representação) quanto de avatar (transformação). O digital aponta para a característica técnica da tecnologia, que nesse caso é formada por um conjunto de algoritmos que permitem a interação.

Mas claro, o humano digital pode exercer diferentes papéis. Ao recriarmos, por exemplo, o Papai Noel digital, no projeto “Noel para todos” em parceria com o Hospital de Amor, o avatar digital também atua como personagem. 

O projeto atende a característica de avatar por transformarmos a imagem do Papai Noel com o apoio de algoritmos, ao mesmo tempo, é um personagem pois ele encena e representa uma situação tradicional de conversar com essa figura natalina.

O avatar foi lançado em dezembro de 2020, momento intenso da pandemia Coronavírus (COVID-19). Uma das formas de ajudar as crianças a continuar conversando com esse personagem do folclore foi recriá-lo digitalmente. Assim, teríamos a possibilidade de manter uma conversa e respeitar o isolamento, assegurando a proteção das pessoas. 

Para conhecer mais sobre os trabalhos do Velip Engage, acessem nossa página: https://velip.com.br/engage/ e entrem em contato.

Para acompanhar uma discussão mais complexa sobre o tema aqui discutido, acesse o e-book gratuito em nosso blog: A eternidade do imaginário: o Metaverso e a virtualização dos mundos por meio das filosofias, das ciências e das artes. 

 

Referência da imagem da capa

 

Fonte: Foto 150583105 | Digital © Denisismagilov | Dreamstime.com

 

Referências

 

MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?id=OWQE. Acesso em: 22 ago. 2023. 

PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro. Tradução para a língua portuguesa sob a direção de J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. Editora Perspectiva: São Paulo, 2008.